E se a tecnologia pudesse ajudar a preservar o planeta usando menos recursos? À medida que a inteligência artificial se torna indispensável em diversos setores, as empresas de tecnologia começam a questionar o impacto ambiental dessa transformação. Com o aumento do consumo energético dos modelos de IA, a compensação de carbono surge como uma das respostas possíveis.

Reflorestamento, captura de CO₂, apoio a projetos ambientais — essas ações estão ganhando espaço, impulsionadas pela vontade de inovar de forma mais sustentável. Mas será que elas realmente compensam as emissões geradas por modelos cada vez mais exigentes? E, mais importante: como garantir que essas iniciativas sejam consistentes, mensuráveis e eficazes?

Neste artigo, analisamos as estratégias de compensação de carbono no setor de IA: quais práticas estão em curso, quais são seus limites e o que é necessário para construir uma abordagem transparente, eficiente e confiável.

A IA como fator agravante da crise climática

Os dados são claros: modelos generativos de IA consomem uma quantidade enorme de eletricidade e recursos. Um estudo realizado pela Carnegie Mellon em parceria com a Hugging Face estima que o consumo de energia de data centers aumentou entre 20% e 40% nos últimos anos, representando até 1,3% da demanda global de eletricidade. O modelo Bloom, mesmo projetado para ser “frugal”, gerou 24,7 toneladas de CO₂ durante seu treinamento final — o equivalente a 25 viagens de ida e volta entre Paris e Nova York.

E segundo projeções do cientista de dados Alex de Vries, até 2027 os servidores dedicados à IA podem consumir tanta energia quanto um país inteiro como a Suécia.

Em seu relatório de agosto de 2024, a Impact AI alertou para a crescente pressão da IA sobre redes elétricas, data centers e recursos naturais — em especial a água. Pesquisadores da Universidade de Cornell estimam que a demanda por água doce gerada pelo crescimento da IA pode chegar a entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos até 2027.

Compensação de carbono: solução ou ilusão?

Compensação de carbono no setor de IA

Diante dessa realidade, muitas empresas estão adotando mecanismos de compensação de carbono, investindo em projetos ambientais para neutralizar suas emissões. A lógica é simples: equilibrar o impacto de suas atividades apoiando ações como reflorestamento, preservação de ecossistemas ou tecnologias de captura de carbono.

Iniciativas como a Impact AI promovem uma abordagem responsável baseada em três pilares: medir, reduzir e — apenas em último caso — compensar. No entanto, cresce o número de especialistas que alertam para o uso excessivo ou oportunista da compensação. Como afirma a Deloitte, plantar árvores não deve ser desculpa para continuar poluindo.

Além disso, os projetos de compensação nem sempre oferecem garantias claras: há dúvidas sobre sua durabilidade, risco de dupla contagem e incertezas nas medições.

As limitações estruturais e o chamado à responsabilidade

Para os especialistas da Impact AI, a compensação só faz sentido depois de esgotadas todas as opções de redução de emissões. E essa redução precisa ser pensada desde o início dos projetos. Os Mandamentos da IA Responsável recomendam uma abordagem integrada que considere os impactos ambientais na governança, no desenvolvimento dos casos de uso e na capacitação das equipes.

A guia publicada em agosto de 2024 traz orientações como:

  • Reaproveitar modelos já existentes em vez de treinar novos do zero.
  • Optar por alternativas que não envolvam IA quando possível.
  • Promover uma cultura de IA frugal dentro das equipes.
  • Medir o impacto ambiental com base nos três escopos de emissões:
    • Escopo 1: emissões diretas
    • Escopo 2: emissões indiretas por consumo de energia
    • Escopo 3: emissões indiretas mais amplas, incluindo fabricação e descarte de equipamentos

Alguns referenciais técnicos começam a surgir, como o AFNOR SPEC 2314, desenvolvido por instituições como ADEME, ARCEP, HUB France IA e membros da Impact AI.

Empresas que estão colocando em prática

Algumas organizações já estão dando o exemplo. A Schneider Electric, por exemplo, adota uma metodologia precisa para medir o carbono economizado versus o consumido em seus projetos de IA. Resultado: para cada 100 unidades de carbono evitadas, a IA consome apenas 5.

O Crédit Agricole conquistou a certificação LNE e o selo LabelIA Labs, integrando critérios de sustentabilidade desde a fase de concepção dos projetos. A equipe de IA da empresa filtra as iniciativas com base no impacto ambiental e no valor para o negócio. Isso inclui limitar o tamanho dos datasets, otimizar a inferência e evitar modelos excessivamente complexos quando soluções mais simples são suficientes.

Mais do que compensar: reduzir de verdade e usar com inteligência

Compensação de carbono no setor de IA

A mudança real não virá da compensação, mas da redução direta do impacto e do uso consciente da IA. Na Diabolocom, essa filosofia já faz parte da rotina. A empresa desenvolve modelos enxutos e orientados a casos de uso específicos — sem excessos. Trabalha com parceiros que utilizam energia renovável, evita processamentos desnecessários e busca otimizar todas as etapas do ciclo de vida dos projetos de IA.

Mais do que marketing verde, trata-se de provar que desempenho operacional e responsabilidade ambiental podem — e devem — caminhar juntos.

Conclusão: ética, rigor e transparência

A compensação de carbono pode ser uma aliada, mas não deve servir como cortina de fumaça. O essencial continua sendo reduzir a pegada ambiental da IA na origem. Isso exige medir, documentar, comparar — e, às vezes, abrir mão de soluções que prometem ganhos rápidos, mas geram impactos desproporcionais.

IA responsável não é parecer sustentável, é ser. Com ética, com dados, com compromisso coletivo. As iniciativas da Impact AI, Schneider Electric, Crédit Agricole e Diabolocom mostram que um caminho mais consciente é possível — sem abrir mão da inovação.

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Escrito por Diabolocom |

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